O economista Mauro Osório lançou a imagem: havendo a despoluição da baía de Guanabara, o Aterro do Flamengo para além de ser um parque urbano adquirirá uma outra característica, terá praia. Diz: “será um Central Park com praia”…
É claro que o Aterro já tem praia, a do Flamengo. Mas, como é poluída, não conta na imagem de Osório. De fato, a despoluição da baía reintroduzirá um vetor de desenvolvimento que a cidade perdera, a orla marítima da Guanabara.
“Central Park com praia” é curiosa imagem.
O parque novaiorquino é referência mundial no gênero. Há alguns anos, o jornal Folha de São Paulo divulgou um comentário de um viajante paulista a propósito do Central Park: “É um Ibirapuera um pouco maior”… Estava certo o viajante, nossas referências começam na escala local.
No caso, a figura adotada por Mauro Osório tem outro viés: ressaltar o caráter de colonização cultural que ainda é tão forte entre nós. Quem sabe a relação com o Central Park ajuda a colocar na pauta a despoluição da baía?
O Parque do Flamengo, obra prima de Burle Marx, tem cerca de 6 km de orla (se incluir a praia do Botafogo), é uma referência mundial do paisagismo moderno, e acolhe dois ícones da arquitetura: o Museu de Arte Moderna (arq. Afonso Eduardo Reidy) e o Monumento aos Mortos da II Guerra (arquitetos Marcos Konder e Helio Marinho). Mas, convenhamos, com praia despoluída, o Parque do Flamengo seria imbatível. Nem a neve do Central Park seria concorrente…