Lucas Franco
Há exatos dois anos atrás, no dia 28 de novembro de 2008, o Governo do Estado, através de um projeto da sua Secretaria de Segurança Pública, instalava a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na Favela Santa Marta, Botafogo, Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro.
De lá para cá, já contamos com mais onze novas unidades, responsáveis pela libertação de centenas de milhares de pessoas do controle do crime organizado (tráfico de drogas e milícia).
A nova política de segurança, obviamente, abalou a estrutura física e econômica dos criminosos, que resolveram reagir. E foi assim, que nas últimas semanas, surgiu uma onda de ataques, com arrastões e veículos incendiados em vários pontos da cidade e até da Região Metropolitana.
Rapidamente, o clima de terror tomou conta da população, dando início à chamada “Guerra do Rio”. O combate e a resposta do Estado vieram à altura, culminando em uma ação sem precedentes.
A invasão do complexo da Vila Cruzeiro, na Penha, na última quinta-feira, aonde encontravam-se uma enorme quantidade de bandidos fugitivos de favelas pacificadas e possivelmente responsáveis pelos recentes atentados, mobilizou as Polícias Civil e Militar, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e a Marinha do Brasil, respaldados pelo apoio maciço da opinião pública.
A ofensiva policial, prendendo e expulsando criminosos, sem dúvidas, é fundamental para a construção de uma sociedade democrática.
Mas é apenas o primeiro passo.
A retomada desses territórios, até então sob o domínio de poderes paralelos, certamente promoverá reflexos na sociedade, e por toda a cidade, que nem os mais potentes equipamentos militares serão capazes de ajudar.
As inúmeras relações sociais, comerciais, culturais, antes comprometidas, agora ganharão novas perspectivas.
No silenciar dos fuzis, será a hora de uma nova “invasão”,daqueles que desejam a cidade plena, e que não temem os desafios, por mais difíceis que esses possam parecer.
Derrubadas as barreiras, a ocupação precisa ser integral e permanente, isto é, urbanizar, dotar de infraestrutura, tornar disponível todos os serviços, bem como a sua manutenção, e assim, garantir os direitos e deveres dos cidadãos.
Derrubadas as barreiras, a ocupação precisa ser integral e permanente, isto é, urbanizar, dotar de infraestrutura, tornar disponível todos os serviços, bem como a sua manutenção, e assim, garantir os direitos e deveres dos cidadãos.
Algumas “tropas” já foram convocadas, como a dos arquitetos e urbanistas, através de iniciativas como o recém lançado programa Morar Carioca, que pretende urbanizar todas as favelas cariocas nos próximos vinte anos.
Mas essa guerra é muito maior, e necessita o apoio de todos: médicos, professores, empresários, sociólogos, advogados, comerciantes… Enfim, todos precisam estar dispostos a encarar a frente de combate.
Ao final do dia “D, da guerra ao tráfico”, será a hora de se batalhar pelo dia de todas as outras letras.