Num dado momento, vingou a ideia no Brasil de se suplantarem os centros das cidades, que têm lá suas más e boas histórias, por outros que norteariam outros significados, desde que fossem apenas os bons passados e os melhores futuros. Ficaram para os Centros um certo pretérito descalço e uma espécie de desorientação.
É possível que daqui a dez mil anos, arquiteturas coloniais e republicanas no Brasil sejam coisas idênticas, como para Millôr, em um milhão de anos não se distinguirá mais pré-história do século XXI. Bom, o certo é que tudo é dinâmico; que a história não é necessariamente uma, mas fiquemos na escala provisória de tempo da cidade que se enxerga, pois cabe aos próximos enxergarem as suas, como fizeram os antigos.
São Paulo, maior município brasileiro e o 6º do planeta, o Non ducor, duco, conduz, com sacrifício seu Centro, como o maior problema. Curral del Rei, em Minas, vê violência em seu núcleo, que em 1930 deixava de ser uma teoria urbanística para ser uma conquista humana. Morada do Sol, Araraquara, que não é capital nem nada, teve seus únicos dois únicos cinemas do Centro, Capri e Veneza, transformados em igrejas de testemunhas de qualquer coisa, que na década de 70 passavam de Oliver Twist a Sétimo Selo. Não falemos de Salvador, de Florianópolis ou de Rio Branco, mas perguntemos: para onde foram os Centros e o que fazer com eles, memórias de nossas boas e más histórias?