Lucas Franco*
O Porto do Rio tem sido alvo de especulações e debates ao longo dos últimos (muitos) anos. Os arquitetos, temos que fazer o mea-culpa, pouco se pronunciaram, individualmente ou por seus órgãos representativos, IAB, Universidades e etc.
O oba-oba em torno do Porto é salutar e veio tarde. Entretanto, tenho visto colegas atentarem demasiadamente às questões formais da arquitetura, concentrando a argumentação em uma crítica de arquitetura, com direito a censuras e duelos de vaidades ao invés de perceber o que realmente muda a cidade.
Precisamos nos preocupar com as possíveis alterações na legislação urbanística, por exemplo, como serão negociadas as CEPACs, títulos que darão aos empreendedores o direito de construir além dos limites definidos pelo IAA (Índice de aproveitamento da Área).
Se não, novamente prevalecerá a máxima: pagando bem, que mal tem?
Precisamos discutir o espaço público, a qualidade do conjunto, planejar as etapas e articular as partes. E isso já é muito.
A Potsdamer Platz em Berlim, por exemplo, é um sucesso de revitalização urbana, muito mais devido a discussão travada sobre a utilização dos espaços (públicos, semi-públicos e privados) do que a qualidade formal dos edifícios.
A preocupação dos urbanistas e dos arquitetos deve começar aí e somente depois passar a “quem é que vai projetar lá”.
A preocupação da sociedade deve ser com os agentes, pois a deles, acredito, não passa nem perto com a revitalização que todos os cariocas sonham para o Porto.
É verdade, que a boa cidade é recheada por esses conflitos de interesses. Pelo mesmo motivo, nenhum deverá simplesmente prevalecer.
*Com ilustre contribuição de Vera Rocha