Desde a segunda metade do século XX, em todo o mundo, homens e mulheres clamam por maiores oportunidades e maior número de postos de trabalho na economia de mercado. A “crise” do momento não tem precedente, dizem alguns comentaristas. No entanto, está também determinado que a suposta hecatombe financeira é resultado da falta de confiança. Na prática, trata-se apenas da quebra da credibilidade dos sistemas bancários e dos mercados que os sustentam. Mas, e se assim não for? Se a crise é a falência da política? Vale, então, ampliar as reflexões sobre o assunto e as temáticas daí decorrentes, perguntando:
> a crise dos investimentos de papel e dos dinheiros fugazes poderia ser um produto planejado para consolidar um mundo onde não há nada mais a ser feito e onde todos seriam obrigados a seguir alguns sem direito a apelações?
> se os lugares de vida das pessoas comuns estão “prontos”, onde produzir riqueza para tornar possíveis as realizações individuais e a felicidade coletiva?
> deixar que os espaços urbanos mais centrais sejam deixados para trás ou permaneçam nas condições em que se encontram seria a solução para a violência e a desilusão?
> a suburbanização de tudo seria a saída para prover educação, saúde e moradia integradas para todas as gentes?
As soluções focadas, hoje, configuram inversões de esforços positivos. Neste contexto, os centros urbanos contem lugares que devem ser utilizados e, para tanto, deveriam ser adequados de modo coerente a essas finalidades. O IFCS, a Faculdade de Direito, os hospitais e as unidades de saúde, junto com o Palácio Universitário, são unidades acadêmicas da UFRJ situadas no Centro, em Laranjeiras e na Urca que se enquadrariam especialmente na categoria de espaços úteis aos estudantes e a todos os cidadãos do Rio de Janeiro. A melhoria, conservação e permanência das atividades aí geradas deveriam ser metas prioritárias para o desenvolvimento de toda a cidade. A transferência compulsória das gentes e dos lugares universitários e científicos para a Ilha do Fundão é ato que expressa idéias restritas do ponto de vista da ação política da Universidade. Vamos todos afundar juntos ou ainda há luz na área central que aí deve permanecer?