A cidade do Rio de Janeiro vai deixando o tempo passar e não define o seu desenvolvimento com clareza. Ora dá indicações de que pretende valorizar a cidade que encantou o mundo, a belacap; ora dá indicações de que não quer mais nada com a cidade maravilhosa, que só se interessa pelo território da expansão.
É essa indefinição que permite que sejam anunciados projetos de recuperação do Centro concomitantemente com a aplicação de recursos públicos que levam a consolidar a Barra da Tijuca como a nova centralidade carioca.
Agora mesmo, temos o anúncio de transformação da área portuária em novo pólo de atração de investimentos, serviços e habitação. E não faltou um elemento simbólico importante: o prefeito Eduardo Paes pretende levar o seu Gabinete para a Praça Mauá, em edifício do início do século XX, hoje semi-abandonado. É uma providência ajustada com a idéia de uma “cidade inteira”, pois está no Centro o foco de representação da cidade metropolitana, uma das mais importantes cidades mundiais.
Em simultâneo, temos a notícia da expansão do metrô para a Barra/Linha 4.
Como os recursos públicos são escassos, o metrô para a Barra só poderá ser uma prioridade saudável quando a cidade estiver enfrentando, pra valer, sua carência no transporte de massa. Isto é, quando a rede ferroviária suburbana hoje existente estiver transformada em metrô –o que permitiria atender 70% da população da cidade metropolitana e por um custo muitíssimo menor do que o da Linha 4; quando o transporte público estiver coordenado entre seus diversos modais; entre outros parâmetros urbanísticos, econômicos, políticos, sociais e culturais. Priorizar importantes recursos públicos no metrô para a Barra, hoje, com a Copa do Mundo ou com as Olimpíadas, será insistir no enfraquecimento da cidade. Pode ser uma obra grande, com quilômetros e quilômetros de túneis (sem estações e sem gente); mas não será uma boa obra.