O texto tem como referência a expansão da Rocinha. É ponderado, bem escrito, claro; é um dos poucos que trataram o tema dos muros com abrangência. No entanto, há um certo desânimo, um desencanto, que se contrapõe ao destemor e ao entusiasmo.
Ela testemunha que os ecolimites que existiam há 2 anos no Portão Vermelho não foram obedecidos e as autoridades, mesmo alertadas, não reagiram ao desmatamento. Reconhece as precárias condições sanitárias e ambientais: hoje na Rocinha falta água, luz, o esgoto explode, o lixo se acumula, o trânsito mata, assim como a tuberculose … por falta de sol e ventilação adequadas. Atribui a perda de qualidade principalmente à especulação imobiliária à la faroeste, com grandes proprietários não moradores.
É nesse quadro que serão construídos os muros no lugar dos antigos ecolimites. Além de salvar a mata, é preciso cuidar de gente e dar condições urbanísticas, sociais e legais para a transformação da Rocinha em bairro.
Para a vereadora, a construção do muro … é o sinal definitivo, concreto em todos sentidos, do fracasso do Estado –e da sociedade que há mais de 20 anos escolhe livremente seus governantes. Mas, depois disso, ainda diz Andréa Gouvêa Vieira:
Se há um consolo em toda essa história, é que … o muro não vai separar pessoas, não vai esconder a comunidade, não vai impedir o ir e vir entre os bairros.
Convenhamos: é muito pouco para quem tem a consciência cívica que a articulista demonstra, para o destemor, para o entusiasmo.
Não é hora para desencanto. Vereadora, por favor: não desanime.