Eduardo Cotrim
As pessoas comentam, mas não tinha conhecido ao vivo, até ontem, uma comunidade com UPP. O acesso à Babilônia é tranquilo, claro, tem uns camburões em dado ponto da ladeira, mas não parecem bem uma blitz – dão a entender que estão lá para garantir o livre entra e sai dos moradores e visitantes.
Mesmo sabendo que na Babilônia havia UPP há uns dois anos, imaginei o óbvio. Que passado o camburão e os policiais bastante educados, encontraria aqui ou ali algumas daquelas figuras sinistras, sentadas estranhas como de sempre, mas não vi nenhuma. Se têm, ficam escondidas, como no asfalto. Mas aí a culpa não é da UPP, que também não está lá para eliminar pessoas do mundo oculto.
Nas poucas dezenas de minutos que estive na Associação de Moradores, vi que é procurada por pessoas, grupos, instituições interessadas em implantar programas, fazer pesquisas ou simplesmente conhecer a comunidade. A espera no corredor era grande. O Vice parece que segura a onda.
Lá em cima a proximidade da floresta trás a sensação de quase uns 15°C a menos que aqui em baixo – portanto, para o bem da temperatura de todos, que se proíba a expansão da Babilônia e Chapéu Manguieira para o alto e para os lados.
E não é romantismo, a mim me pareceu nessa curta experiência, que essa tal de UPP promove um trabalho muito maior que o da segurança dos cidadãos cariocas, das balas perdidas. Promove, do meu ponto de vista, a possibilidade de democratização de territórios, mas no sentido de que através da abertura desses territórios, a sociedade se conheça melhor e revele o porquê de tanto fascínio pela história do Brasil e sua complicada trajetória.
Os caminhos para a pacificação são muitos tus, nós, eles, centenas, talvez milhares, mas o das UPPs foi o único praticado. Que venham outros juntos com o Morar Carioca e que tragam avanços substanciais ao Rio de Janeiro, sem qualquer romantismo, um forte candidato à capital do planeta.