Em entrevista à revista Carta Capital, a presidente Dilma Roussef defende a obra do trem-bala Rio-SP como um instrumento para o aproveitamento de novas ocupações no percurso.
Pense no percurso entre a serra e o mar. É um dos lugares mais bonitos do País. Não existirá motivo para que as pessoas não queiram morar nesse caminho. Com o trem-bala, alguém que viva a 60, 70 até 100km do Rio ou de São Paulo chegará rapidamente aos centros dessas cidades.
A presidente se queixa que esse tema não seja debatido sob o ponto de vista do desenvolvimento urbano.
Não se trata apenas de oferecer mais uma alternativa de transporte, mas de produzir uma reconfiguração urbana. É um ponto que ninguém discute. No trajeto entre o Rio e São Paulo vai ocorrer uma desconcentração urbana.
A mim me parece promissor que o tema urbano entre no interesse da presidente, e que ela convoque ao debate. Contudo, é também bastante preocupante que seja dada tanta ênfase ao conforto de quem virá a ocupar o trajeto Rio-SP, enquanto nossas cidades metropolitanas movimentam-se em transporte público de baixíssima qualidade.
E quem já mora na cidade e se desloca compulsoriamente casa-trabalho-casa sem conforto, sem segurança e sem previsão de quanto tempo levará, como fica?
Concordo com o debate. Tenho esperança que, com ele, uma verba de 20% do trem-bala possa ser aplicada no transporte metropolitano sobre trilhos. Será a redenção do usuário.