Há pelo menos umas duas semanas, tem rolado pela Internet um inusitado projeto para as olimpíadas de 2016: a “Solar City Tower”, uma cachoeira artificial gigante em cima de uma pequena ilha no Leme.
Sob o pretexto da geração de recursos energéticos limpos, e o mote dos JJOO de 2016, um grupo de arquitetos suíços aproveita para deixar o seu marco na paisagem carioca, com talento e delicadeza capazes de encher os olhos do mais nobre sheik árabe.
Pelos mesmos motivos, e graças a Deus, é evidente que se trata de uma provocação, um projeto “conceitual”, e que não existe a menor chance de acontecer.
Entretanto, é muito provável que nos próximos anos, outras novas propostas conceituais apareçam, porém, com maiores ambições construtivas.
Veja aqui e aqui a proposta da “Solar City Tower”.
Eu por exemplo, também tenho algumas propostas para a nossa cidade, mas talvez por conhecer melhor a cidade do que os meus colegas suíços, e também por possuir maiores ambições quanto as suas realizações, prefiro propor a manutenção emergencial de obras já construídas.
Primeiro, se o barato é a queda d’agua, por que não recuperarmos os belos chafarizes da cidade, hoje secos, sujos e abandonados, como denunciou recentemente o jornal O Globo?
Veja a matéria do Globo: Por que secou?
Mas se a idéia for a de criar um marco na paisagem, eu tenho uma imbatível: a estátua do Cristo Redentor. Sim, aquela que está lá há uns oitenta anos, mas noutro dia amanheceu toda pichada por delinquentes noturnos. E o acesso? Desde as chuvas de abril que o trenzinho está interditado, e ainda não temos previsão de retorno.
E por último, se é para gastar dinheiro e ser ecologicamente correto, sugiro que antes de empenharmos qualquer centavo com uma pretensiosa cachoeira artificial de tecnologia suíça, deveríamos investir e trabalhar pela despoluição da Baía de Guanabara, ou ainda, tentar ao menos oferecer segurança para a população frequentar as inúmeras cachoeiras naturais que a nossa cidade possui.
Enfim, com a luz amarela acesa, fiquei pensando na seguinte questão: para 2016, será que vamos conseguir arrumar a nossa cidade ou apenas assistiremos a uma série de novas “cascatas”?