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Artigos

Degradação e Alternativa

By 02/01/2009setembro 23rd, 2021No Comments

Esgotos a céu aberto, vala negra, rios poluídos. Até quando?Todos sabemos que nossas cidades tem déficit no saneamento. As redes de esgotamento sanitário e de esgotamento das águas da chuva, em geral, são precárias –ou inexistentes. No caso das cidades do Grande Rio, o modelo recorrente é o de rede coletora apenas para as águas pluviais (a qual é associada ao asfaltamento das ruas), levando os efluentes diretamente para os córregos e rios mais próximos. O esgoto sanitário é resolvido com fossas. Mas como elas dão problemas de manutenção, as pessoas fazem a ligação das águas servidas diretamente aos canos pluviais –que levam aos rios… Desse modo, acabam as valas negras junto às casas –o que não é pouca coisa. Mas, em compensação, a poluição alcança o conjunto das águas metropolitanas.Veja o caso de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense que tem 900.000 habitantes: a CEDAE reconhece que apenas 0,4% (sim, é isso mesmo: não chega à metade de um por cento) dos domicílios são ligados à rede de esgotos sanitários com tratamento.Como sair dessa sinuca de bico?Parece que não dá é para insistir no modelo convencional, embora defendido por grande número de sanitaristas, segundo os quais só devemos construir redes cloacais independentes da pluvial, com os esgotos sanitários levados para Estações de Tratamento. Ora, isso exigiria refazer os sistemas existentes. Cadê recursos para tanto? Como desconsiderar o esforço já realizado pelas comunidades e pelas Prefeituras, na ausência da Cedae? Penso que será muito melhor coletar as redes mistas junto aos cursos dágua –e tratá-las, aí. No tempo seco, os córregos e rios não receberiam poluição. No tempo chuvoso, as estações de tratamento dariam passagem para um volume de água muito maior, o que diluiria o dano. Outra hipótese é tratar os rios, em estações convenientemente implantadas.Enfrentar realisticamente o problema é meio caminho andado. Chega de idealização que transfere para um futuro por demais remoto a mitigação da questão.É muito bem vindo o debate que O Globo abriu, com os artigos “Degradação”, assinado por Mário Moscatelli e “Alternativa”, de Adacto Ottoni .

Foto: Canal ao fundo da comunidade Parque União – Complexo da Maré
Crédito: Lígia Tammela