A intolerância, revestida de viés sanitarista, põe abaixo bairro cigano de Istambul. Segundo o jornal francês Le Monde, o bairro era o “reino” de jogadores e dançarinas que divertiram gerações de cidadãos de Istambul. Sulukule decaiu a partir dos anos 1990, com o fechamento das “casas de espetáculos” que lhe davam vida e emprego. Por certo, o fechamento é fruto ideológico de um governo de princípios fundamentalistas, incapaz de conviver com as diferenças.
A Prefeitura demoliu sob o argumento que a “favela otomana” era composta por barracos que não serviriam sequer para depósito de carvão. O “projeto” prevê a saída de 3500 pessoas e a quase totalidade dos 1300 ciganos do bairro.
O jornal informa que a maior parte das famílias desalojadas se encontra pelas ruas e será incapaz de alugar ou comprar as moradias que a Prefeitura diz que construirá. A imprensa noticiou a lista de adquirentes, onde aparece um grande número de militantes do partido do governo.
Segundo o pesquisador britânico Adrian Marsh, Sulukule era a mais antiga comunidade cigana do mundo, com existência comprovada desde 1054 (século XI).