Lucas Franco
Nos últimos dias, uma discussão travada neste blog me fez lembrar um professor do ensino médio que sempre dizia: “com números não se discute.”
A estória começou em uma nota, saudando a possibilidade de mudanças na implantação dos equipamentos esportivos para os JO-2016, quando a arquiteta Ceça Guimaraens, corroborando a sua defesa pela manutenção “da indiscutível centralidade histórica da área de negócios e a rede cultural que o Centro do Rio de Janeiro detém”, destacou que a região da Baixada da Zona Oeste possuía apenas cerca de 200 mil moradores.
Imediatamente, um dos nossos leitores protestou, acusando-nos de uma manipulação leviana, cega e apaixonada. Disse que se considerássemos a área de influência da região, chegaríamos a números superiores a dois milhões de habitantes.
Em seguida, sob o mesmo argumento, o comentário foi respondido por outro leitor: “… se a idéia for analisar área de “influência” então a coisa piora! E faz menos sentido investir na Barra ou na Baixada de Jacarepaguá, como queira. Para o seu conhecimento o Centro do Rio de Janeiro é o centro da metrópole!!
Então temos algo em torno de 12 milhões de pessoas sob “influência” do Centro!”
Agora, nos chega o artigo-resposta do colega Eduardo Xavier, com algumas lições de urbanismo em um texto mais completo e esclarecedor, mas não menos apaixonado.
“… A questão da densidade implica em uma série de aspectos urbanísticos que devem ser levados em consideração. Os espaços e equipamentos urbanos de uso público como praças, áreas de lazer, rodovias, postes de iluminação, aparelhos telefônicos, lixeiras são utilizados conforme a demanda existente no local.
Se tivéssemos duas praças como exemplo, com exatamente a mesma dimensão e a única diferença é que uma está em Copacabana e a outra está em algum bairro da baixada de Jacarepaguá. Podemos afirmar que a mesma praça que atende 3 pessoas na baixada de Jacarepaguá atenderia 30 pessoas em Copacabana…
…Se você tivesse uma equipe que pudesse fazer a manutenção de somente uma das praças de quatro em quatro anos, qual das duas você escolheria?”
No fim das contas, analisando todos os cálculos apresentados, só pude chegar a uma conclusão. E parece que o meu professor tinha razão.
Com números não se discute.
Leia o artigo-resposta de Eduardo Xavier.