Tive o privilégio de conviver com o arquiteto Jorge Moreira, autor principal dos projetos da Ilha do Fundão.
O IAB era uma de suas trincheiras de luta. Em defesa da cidade e da arquitetura, o “dr. Jorge” não se assustava, não temia, não fraquejava. E não perdia o humor. Uma de suas últimas batalhas vitoriosas foi a conquista do Parque Garota de Ipanema, entre a Francisco Otaviano e o mar. O Exército, proprietário da área, queria ali construir um conjunto residencial, e Jorge Moreira saiu à luta, reivindicando a não ocupação. Em pleno regime ditatorial-militar, JM não claudicava.
Ganhou a guerra.
Mas, infelizmente, no caso do Fundão, o nosso grande arquiteto, integrante também vitorioso da equipe que projetou o MEC/Palácio Capanema, não foi feliz.
Embalado nos “ilimites” do modernismo, conjugado ao sentimento de Brasil-grande, tudo seria possível. Como se a Universidade do Brasil, na ilha do Fundão, precisasse refletir a imensidão continental do país.
JM perdeu a mão no desenho. Projetou tudo grande ao exagero.
Estou convencido que esta é uma das razões (não é a única, mas é importante) das enormes e presentes dificuldades da nossa Universidade.
Fosse o Fundão mais modesto, ou a UFRJ menos patrimonialista, quiçá poderiam estar na ilha alguns institutos para os quais aquele lugar possa ser vantajoso e estar de volta ao centro do Rio todos os demais cursos, faculdades, institutos, em que a interação com a cidade é indispensável.
Que tal a Arquitetura no Centro do Rio? E as Belas Artes? E a Engenharia? E a Educação?
Para a Universidade e para o Rio: que maravilha!