A Vila Olímpica projetada para a Barra da Tijuca montou uma verdadeira operação de desmoralização de Robin Hood.
Como sabemos, RH roubava dos ricos e distribuía aos pobres. (Tá bem, pode não ter sido exatamente asssim; mas é isso que lembramos…) Pois no caso da nossa VO, são os pobres que estão ajudando os ricos a ficarem um pouco mais ricos.
Você pode acompanhar a operação através do site oficial do COB. Aqui está um resumo feito pela equipe especial do CidadeInteira:
O dono do terreno e construtor da Vila receberá recursos da Caixa a juros especiais. A operação financeira é assim descrita no site oficial do COB (página 204):
“O financiamento está totalmente garantido pela Caixa Econômica Federal (CEF), que garantiu todos os recursos necessários para o empreendedor,com taxas de juros preferenciais. O Governo Federal propôs esse modelo de financiamento com o objetivo de reduzir os riscos do projeto através de um pacote financeiro seguro.”
O mesmo empreendedor tem a garantia que outros projetos de seu interesse receberão tratamento especial da Prefeitura. É o site oficial quem diz:
Apesar disso, além do atraente pacote financeiro do Governo Federal, uma série de outros incentivos será oferecida ao empreendedor:
Entre esses incentivos:
Novas licenças de construção, dentro da legislação de zoneamento em vigor na cidade e de acordo com o EIA –Estudo de Impacto Ambiental.
(Procurados alguns especialistas em aprovação de projetos, nenhum soube dizer o que propriamente isto significaria. Se estas ‘novas licenças’ estão dentro da legislação de zoneamento e de acordo com o EIA, será que elas estarão fora dos índices de aproveitamento dos terrenos? Outros empreendimentos na Barra seriam autorizados? Ou seriam empreendimentos talvez nas Vargens? Com quantos andares?)
E segue o site do COB dizendo que outras garantias serão oferecidas ao ‘empreendedor’ pelas ‘autoridades brasileiras’ (isto é, pelos dinheiros públicos):
A imediata construção de vias planejadas, serviços e recuperação ambiental do entorno.
Isto é: nos terrenos da Vila Olímpica e em seus entornos não há infra-estrutura, que será construída pelo governo. As vias planejadas serão construídas pelo governo. O tratamento ambiental da lagoa e dos cursos dágua da região serão responsabilidade do governo. Quando? Imediatamente. Sabe-se, também, que aquela região tem o subsolo muito frágil, onde predomina a ‘ turfa’. O governo será responsável pela consolidação dos terrenos?
O empreendedor, que é o dono do terreno e construtor, compromete-se a construir 34 edifícios de 15 pavimentos com cerca de 2.500 apartamentos, todos com salas + 3 ou + 4 quartos, além dos quartos de serviço. Os apartamentos terão área média construída de aproximadamente 220m2 na edificação, mais os serviços. Veja a planta na pg. 219.
Os apartamentos serão vendidos e a Caixa Econômica Federal, ainda no intuito de dar plenas garantias ao empreendedor, garantirá: Taxas de juros diferenciadas para os compradores.
E continua o nosso COB:
Essas e outras iniciativas foram utilizadas no desenvolvimento da Vila Pan-americana, garantindo benefícios para o empreendedor, além de uma campanha de vendas de muito sucesso.
Finalmente, sabemos que os apartamentos assim construídos e financiados serão alugados, por ocasião dos Jogos, a preço já estabelecido:
O custo acordado de locação obedecerá a um teto de US$ 18,9 milhões.
Enfim, são essas as informações expedidas pelo COB com o sentido de nos tranquilizar a todos quanto às condições em que a Vila Olímpica será construída.
Já está havendo quem diga que nem o maior inimigo de Robin Hood poderia bolar uma desmoralização maior do que essa.
E lá está o pessoal da Zona Norte, da Baixada, de São Gonçalo a poupar seu dinheirinho para ajudar o ‘empreendedor’ e os futuros compradores dos apartamentos da Vila Olímpica. Viva!