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Cidade Inteira

Goleada de 13 x 1

By 01/12/2010julho 21st, 2021One Comment

Há poucos dias, fiz uma nota com o título de “Goleada de 22 a 1”. Hoje, preciso retificar a informação, que também utilizei no artigo intitulado “Novo fenômeno urbano”, publicado pelo Globo e também transcrito aqui no Cidade Inteira.

Pelos dados preliminares que o IBGE divulgou, calculei que o número de domicílios crescera em 22 milhões na década, pois tinham sido visitados 67 milhões de domicílios e, no censo de 2000, o número de domicílios era de quase 45 milhões.

Para este número, me baseei em tabela do censo de 2000 publicada pelo site do IBGE, no seguinte endereço: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/tabelabrasil131.shtm

Nela, vemos que o “total de domicílios particulares permanentes” em 2000 era de 44.795.101. Arredondei para 45 milhões.

Na ocasião, conferi o conceito “domicílio particular permanente” tal como constante na “Metodologia do Censo Demográfico 2000” (Série Relatórios Metodológicos, volume 25, publicado pelo IBGE em 2003, pgs. 234-235).

Constam os conceitos:

1.Domicílio particular permanente: domicílio que foi construído para servir exclusivamente à habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia a uma ou mais pessoas.

2.Domicílio particular vago: domicílio particular permanente que não tinha morador na data de referência.

3.Domicílio particular de uso ocasional: o domicílio particular permanente que servia ocasionalmente de moradia, ou seja, era o domicílio usado para descanso de fins de semana, férias ou outro fim, mesmo que seus ocupantes ocasionais estivessem presentes.

4.Domicílio particular fechado: domicílio particular permanente que estava ocupado, porém seus moradores, na data da coleta, estiveram temporariamente ausentes.

5.Domicílio particular improvisado: domicilio localizado em unidade não-residencial que não tinha dependências destinadas exclusivamente à moradia, mas que, na data de referência, estava ocupado por moradores. Também como tal foram considerados os prédios em construção, vagões de trem, carroças, tendas, barracas, trailers, grutas, aqueles situados sob pontes, viadutos, etc, que estavam servindo de moradia.

Considerei que o total de 45 milhões de domicílios particulares permanentes englobava as categorias 1 a 4, menos a número 5, do domicílio improvisado.

No entanto, quando o IBGE, ante-ontem, divulgou os dados definitivos, divulgou, também, conceitos distintos desses, pois considerou os domicílios de uso ocasional, vago e fechado para além dos 45 milhões de domicílios particulares permanentes existentes no ano 2000 e constante da tabela que linkei acima.

Com isso, o número de domicílios naquele censo alcançaria 54 milhões.

Refeitas as contas, o crescimento foi, então de 13 milhões de novos domicílios na década, aproximadamente 25% em relação aos existentes em 2000.

Como a população cresceu 12% (agora somos 190 milhões, ao invés dos 185 milhões divulgados antes), vemos que os domicílios cresceram mais que o dobro do crescimento demográfico.

Embora menos monumentais do que os cálculos anteriores, mesmo assim ainda muitíssimos expressivos, os novos números continuam a sinalizar para a necessidade de um tratamento prioritário para a habitação brasileira, sobretudo para a universalização do crédito (e, em muitos casos, com subsídios), para que o acesso à cidade seja um direito não apenas constitucional, mas real. Lembremos que o principal programa de financiamento habitacional, o Minha Casa, Minha Vida, programou construir 1 milhão de moradias em quatro anos.

A goleada diminuiu: povo brasileiro que constrói sua moradia, 13; política pública que financia moradia, 1.

Espero –como todos- que nos próximos tempos o jogo chegue ao empate…