Foi anunciada para este ano a implosão da “perna seca” do hospital do Fundão. Eu saúdo: Até que enfim!
Por ser insólita para a maioria das pessoas, a notícia exige contextualização.
A saber:
Localizado na ilha do Fundão, a “cidade universitária” da UFRJ, o Hospital Universitário está instalado em edifício projetado especialmente para ele. Tem a forma de um duplo “t”, justapostos, mais ou menos assim: TT.
Pelo seu tamanho, exageradíssimo, como tudo nessa ilha da fantasia modernista, o hospital nunca ocupou o equivalente a um dos “tês”. Seus vários andares ficaram abandonados por décadas. As esquadrias foram roubadas, o que havia de acabamento, acabou. Restou a estrutura, o volume. Isto é, o hospital somente ocupou a metade do seu edifício.
Vamos combinar: o corredor central do Hospital tem mais de 300 metros! É maior do que o Maracanã.
Por décadas houve o debate sobre a viabilidade do hospital ser do tamanho que o projeto arquitetônico imaginara. Venceu a realidade: não dá para ser tão grande.
Mas o que fazer com a metade vazia? Com o outro “T”, a “perna seca”?
Também por longo tempo a discussão interna à UFRJ andou às voltas com ocupar a área para outras atividades, o que exigiria re-acabar o esqueleto. Mas os custos nunca se ajustavam aos orçamentos, enquanto se deteriorava a edificação.
Há poucas semanas, dois dos pilares deram sinais de fadiga. Veio o veredito: não há recuperação econômica, é melhor implodir.
Ao adotar esta decisão, a Universidade rompe um paradigma que já estava superado no mundo externo há décadas, somente vigoroso em alguns bolsões ainda encantados com o futuro eternamente róseo que o Modernismo traçou para o mundo.
Minha esperança é que as cabeças decisivas continuem iluminadas e desistam de levar para o Fundão o restante dos cursos que ainda estão na cidade.