A foto que o Lucas pescou na internet me remeteu a uma perda que já havia percebido mas que não atinara em que condições.
Lembro como me encantava cada vez que chegava à Lagoa pelo Rebouças. Bastava sair do túnel e nos deslumbrava uma paisagem larga e clara, belíssima.
De uns tempos para cá, deixei de sentir a mesma sensação. Pensei que me acostumara ao paraíso e já não percebia mais toda a beleza.
Mas esta foto me coloca uma questão: talvez a saída do túnel já tenha outros contornos para a moldura da Lagoa.Se repararmos bem, o quarteirão à direita, o primeiro da rua Jardim Botânico, era todo de construções baixas e agora não é mais. E, ainda, o que não me parece pouco relevante, um pouco à frente, os canteiros passaram a ter árvores, onde antes era apenas gramado.
Assim, agora nós nos deparamos com a Lagoa já um pouco depois da saída do túnel, quando o impacto da luz já não é mais o mesmo, e o ângulo de visão já modificou.
Não é a Lagoa, mas como e de onde a vemos.
Mistérios da percepção e da memória.