Iso Milman*
Ontem, n´O Globo; – A Prefeitura cogita na transferência da Rodoviária para Irajá.
Hoje o jornal noticia a intenção do Governo do Estado de mantê-la no local, multiplicando sua área construída, dentro dos novos gabaritos propostos para o Porto Maravilha.
(Diga-se de passagem, apresentando um desenho que parece ter sido feito durante a noite, no guardanapo do restaurante).
Espera-se para esta semana um duelo na Avenida Francisco Bicalho entre representantes do Estado e do Município.
Não dá para acreditar que o Planejamento Urbano do Rio de Janeiro seja tão primário, que um equipamento estruturante como a Rodoviária, intenso gerador de tráfego, seja menosprezado na sua dimensão urbanística a ponto de não ter sua definição estipulada pelo Plano Diretor, ou ainda, que a harmonia política entre Estado e Município, que propiciou tantas frentes de crescimento para o Rio de janeiro, seja tão tênue e apresente-se dissociada, quando se trata de encarar com seriedade ações que terão consequências através dos tempos.
Na sexta feira o IAB promoveu num animado debate sobre o Plano de Habitação de Interesse Social no Município do Rio de Janeiro.
Presentes Nabil Georges Bonduki, Secretario Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Sérgio Magalhães, Presidente do IAB, e coordenando a mesa, Gerônimo Leitão, Diretor de Arquitetura e Urbanismo da UFF.
Sergio Magalhães enfatizou uma realidade assustadora; dentre os trezentos e tantos artigos do Plano Diretor aprovado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, apenas um, se refere a uma área especifica da cidade, tudo mais é abstrato, podendo ser referido a diversas cidades.
Vários relatos expuseram a situação dramática das câmaras municipais, onde interesses dos mais diversos se superpõem aos critérios técnicos e as políticas democráticas, longe da participação dos movimentos sociais.
Não existe vento bom para nau sem rumo.
*Iso Milman é arquiteto