Tinha um velho sonho de conhecer São Luiz do Maranhão, onde, dizem, fala-se o melhor português do Brasil. Seu centro histórico e seus casarões com azulejos, objeto de magnífico estudo de Dora Alcântara. Onde John Gisiger trabalhou pela preservação com desenvolvimento e conseguiu desenhar o primeiro Plano Diretor, ainda nos anos oitenta.
Mas São Luiz resolveu aderir ao velho modelo do abandono das preexistências e da valorização da novidade (da velha novidade, diga-se). O centro perde centralidades aceleradamente. As áreas novas, ocupadas a partir dos oitenta, detém os principais investimentos públicos. Como ocorre em quase todas as expansões por este Brasil afora, o protagonismo é de edifícios residenciais altos, isolados, voltados a si mesmos, fechados para a rua, que é apenas um canal para o trânsito motorizado. Avenidas, ruas e vielas construídas para o transito, apenas para o fluxo de veículos. Longa expansão em baixíssima densidade, sem chance para uma ambiência de uso coletivo.
Nada a ver com a São Luiz que fará quatrocentos anos em 2012.
Perguntei ao taxista: lá onde moram os pobres também estão sendo construídas tantas avenidas?
– Lá, não. Porque as praias estão para o lado de cá. E é onde moram os que tem renda mais alta.