O GLOBO 11/mai/2019
Por circunstâncias inéditas, o Rio e o Brasil têm em mãos uma oportunidade excepcional. Ela pode somar esforços e ajudar a construir uma agenda positiva para a cidade e para o país.
Em 2020 o Rio sediará três eventos internacionais correlacionados e relativos à questão urbana: o 27º Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2020 RIO, o maior encontro da arquitetura global; a programação da RIO Capital Mundial da Arquitetura UNESCO 2020, a primeira cidade a receber essa designação; e o Fórum Mundial de Cidades.
Arquitetos daqui e de todos os continentes, pensadores do urbano, pesquisadores, universitários, construtores, movimentos da sociedade e da juventude, empresas de tecnologia e de sistemas, instituições acadêmicas e multilaterais, representações políticas e de países, enfim, sob o cenário ímpar carioca, são chamados a cotejar experiências, a debater e a formular propostas para o futuro das cidades.
“Todos os Mundos, Um Só Mundo, Arquitetura 21” é o tema que estrutura a programação de 2020, afinada com as metas da ONU e da UNESCO.
O Brasil foi vitorioso com a candidatura do Rio para sede do Congresso Mundial durante a Assembléia Geral da União Internacional de Arquitetos, UIA, em 2014, na África do Sul. Apresentada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil com as instituições nacionais da arquitetura, foi apoiada pelos governos federal, estadual e municipal. Em 2018, no México, foi aprovada a designação como Capital Mundial da Arquitetura-Unesco, oficializada em janeiro último, incluindo o Fórum Mundial de Cidades.
O Congresso Mundial, em julho, estima-se reunir mais de 20.000 participantes, além de acompanhantes. Terá cerca de duas centenas de palestrantes, exposições de trabalhos profissionais e acadêmicos, workshops e seminários, startups, feira de produtos e negócios, além de eventos sociais pela cidade.
O programa da Capital Mundial foi elaborado em co-gestão pela Prefeitura da Cidade e pelo IAB, aprovado pela Unesco-UIA. Começará já no réveillon, alcança todo o ano de 2020 e é receptivo à contribuição.
O Fórum Mundial de Cidades, também em julho, convidará prefeitos das cidades-sedes dos congressos anteriores, autoridades, dirigentes da Unesco e de outras instituições, empresários, membros da sociedade civil, personalidades com notório saber no pensar e produzir cidades.
É expressiva a adesão de instituições culturais nacionais e internacionais. Exposições, festivais audiovisuais, musicais e outras expressões artísticas, tendo a arquitetura e a cidade como fundo, serão voltadas para o público em geral, em diálogo essencial com a sociedade. Estima-se em centenas de milhares os participantes dos eventos interativos. Inúmeros encontros preparatórios-mobilizadores se realizam já em 2019 no país e no exterior.
O que se quer para o Rio? E para as cidades e metrópoles brasileiras? Poderemos construir uma agenda para 2025 e 2030? E para as cidades do mundo, pobres ou ricas, que se revelam em desigualdade e segregação? E a realidade das favelas, central na cidade deste século? Quais as possibilidades, os compromissos e os desafios a enfrentar?
Tal como o país fez história com a Cúpula do Clima, a Rio 92, e, depois, a Rio+20, o RIO 2020 será um tempo para a cidade pensar-se e ajudar a pensar e a propor para um futuro urbano brasileiro e planetário. “Será grande oportunidade para discutir a realidade urbana em toda sua diversidade e complexidade e dentro do contexto do desenvolvimento sustentável”, diz o Embaixador André Correa do Lago, membro do Comitê de Honra 2020, presidido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o Pritzker brasileiro.
Precisamos reunir todas nossas energias para que o Rio, em 2020, seja espaço para consensos possiveis na construção de agendas positivas conforme os desafios deste século, o tempo da vida urbana.
Está em nossas mãos.