O famoso bronze Balzac, de Rodin, é uma escultura ao mesmo tempo cópia e original. Isto porque há um Balzac no boulevard Raspail com Montparnasse, em Paris, e um outro Balzac no pátio do MoMA, de Nova York. Me parece, aliás, que no Museu Rodin, em Paris, há ainda um terceiro exemplar. Seriam, assim, uma trinca de originais de uma mesma escultura, concebida por Auguste Rodin entre o final do século XIX e o começo do XX.
Agora, nós estamos frente a uma situação formalmente semelhante. Mas muito diferente nos seus desdobramentos simbólicos: o caso das pirâmides recentemente projetadas por Oscar Niemeyer para Brasília e para Caracas, esta a pedido do presidente Chávez, homenageando Bolívar.
A pirâmide brasiliense emerge da Esplanada dos Ministérios e aponta por sobre o Congresso Nacional. Pretende vir a simbolizar a soberania do povo brasileiro.
Já a também inclinada pirâmide venezuelana emerge das montanhas caraquenhas e aponta na direção dos Estados Unidos. Pretenderia corresponder à soberania bolivariana.
Já a também inclinada pirâmide venezuelana emerge das montanhas caraquenhas e aponta na direção dos Estados Unidos. Pretenderia corresponder à soberania bolivariana.
No caso do Balzac de Rodin, embora em distintos lugares, sempre se trata de um monumento ao famoso escritor francês. É cópia e é original em uma mesma concepção; são três corpos e uma mesma essência –diríamos: uma Trindade.
Já o caso das pirâmides é outro. Soberania, por definição, não é compartilhável; é afirmação de personalidade independente. Logo, representação de soberanias exige autonomia de signos. Como, então, um mesmo corpo e duas almas?
Já o caso das pirâmides é outro. Soberania, por definição, não é compartilhável; é afirmação de personalidade independente. Logo, representação de soberanias exige autonomia de signos. Como, então, um mesmo corpo e duas almas?
Imagens
1 Balzac – Paris
1 Balzac – Paris