Eduardo Cotrim
O Universo se tornou finito e ganhou um começo na era contemporânea. É pouco relevante aqui se a finitude do Universo tenha vindo da premissa inversa, a de que um dia surgiu, logo é finito. Fato é que a infinitude nunca pareceu algo muito bem aceito. Ainda que a inexistência absoluta, aquela que precede à coisa surgida, seja uma idéia igualmente desconfortável, quase insustentável, opta-se, contudo, pela noção de começo, de advento. Advento do Universo, do Planeta, da História, da Cidade, da Antiguidade e da Contemporaneidade…
Quanto a essa última, a mais complexa, sabe-se que teve início entre os anos 1940 – 1960. Pode ser um registro particular, com base em informações não avaliadas de forma adequada, mas por outro lado, se coisas como arte, ciência, cultura e urbanismo são ditas como contemporâneas, do mesmo modo como são ditas modernas, pós-modernas, clássicas e neoclássicas, é justo que a Contemporaneidade adquira também seu direito ao declínio.
No entanto, ao menos no Planeta, viver num mundo pós-contemporâneo é por princípio absurdo. Mas enfim, um absurdo com o qual se deve conviver, pois, inevitavelmente, o presente carecerá de limites, se é que já não se expandiram o suficiente.
A pós-contemporaneidade parece fazer algum sentido (além do seu lugar no fim dos tempos), num dado modo de observação da história, ecológico no sentido mais amplo, a partir do universo espacial de coisas terrenas, familiares e cotidianas.
As cidades aparentam ser o melhor termômetro da relação dos homens com os tempos do seu mundo. Se as melhores cidades do Planeta representam o tempo corrente, as demais, que comungam da mesma estrutura lógica, estão atrasadas – não são contemporâneas, pertencem ao passado da civilização urbana, se o termo não for redundante. Por sua vez, se as piores se identificam com o nosso tempo, as outras, obrigatoriamente, já ocupam diferentes posições no futuro.
Na primeira hipótese, onde o presente convive com o passado, as cidades que não se alinharam a tempo, no tempo em curso, para fazê-lo, ou precisam de mais tempo extra ou de muitos recursos extras, que não estão disponíveis. Aqui, a sustentabilidade é preservacionista, sobretudo do meio ambiente externo ao homem, tudo no mais é utopia e a Contemporaneidade permanece em vigor.
Na segunda, do presente em convívio com o futuro, exige-se talvez desse último, uma redução na produção de mais e mais conforto, aumento da durabilidade dos bens e seguramente um uso maior da inteligência. Aqui há previsões e utopias – a cidade sustentável acrescenta ao homem, o meio ambiente se acrescenta a ela e esta, um dia, ao futuro do presente…